IV Desafio Rio Minas 300km em prol do INCA – Parte 1
20 de maio de 2011
Desafio 100Km McDia feliz
Desafio 100km Mc Dia Feliz
24 de agosto de 2011

Nas 24 horas de Resende o Fernando veio falar comigo que estava montando uma Ultra de 235 km com muitas subidas, que iria fazer a 1ª edição somente para 10 convidados. Eu na mesma hora falei que estava dentro e é desse tipo de prova que eu gosto.

Semanas antes recebi e-mail com o mapa da prova, altimetria e informações gerais. Não levei muita fé, pensei que seria apenas mais uma Ultramaratona como tantas outras. Na quinta-feira peguei carona com um amigo e cheguei em Passa Quatro, local da prova, e no fim da tarde na reunião com todos atletas por pouco não desisti e voltei para casa devido a piora do estado de saúde da minha irmã que tinha tido um derrame 3 dias antes.Todos me apoiaram e deram muita força para eu ficar e disputar a prova.

Dia 24/06/2011 às 6 da manhã foi dada a largada, ainda estava escuro e muito frio, largamos com a lanterna na cabeça e encasacados, porém com o decorrer da prova  o tempo esquentou e fui tirar o corta vento da Kailash correndo para não perder tempo, só que não vi que o zéper da mochila estava aberto e minha comida caiu toda pelo caminho. É ai que entra nessa história uma pessoa que mostrou que a Ultramaratona é para pessoas especiais, o José Orivaldo que estava no momento disputando a primeira colocação comigo e poderia muito bem me deixar sem nada para tomar a dianteira. Ele viu o que aconteceu e falou para mim “Márcio tudo que está no meu carro de apoio é seu também” e sua equipe de apoio, enquanto estávamos perto, a todo momento me oferecia tudo que tinha para comer e beber. Isso mostrou o grande atleta que é e meus parabéns meu amigo, nunca vou esquecer seu gesto.

Depois que cheguei Itamonte comprei comida e enchi minhas garrafas seguindo em frente. O divisor de águas da prova para mim foi a cachoeira dos Garcias. Ali, além de ser os 10º km de prova, tem uma montanha para subir que assusta e eu já sabia que para chegar na casa onde era o chekin, tinha que sair da trilha correr 1 Km e na volta correr os 1 km e continuar e sabia que para eu ganhar a prova tinha que fazer essa ida e volta e tomar a sopa quentinha sem que o segundo colocado me visse, pois se me encontrasse pelo caminho poderia querer ir buscar e se eu conseguisse fazer esse trajeto sem encontrar outros atletas pelo caminho, eles desistiriam de vir atrás de mim e foi o que fiz não demorei nem 15 minutos e dali em diante já sabia que era só não me machucar e correr com cuidado que daria para ganhar a prova.

Um momento muito difícil da prova foi entre Caxambu e São Lourenço, pois estava muito frio e batendo muito sono, um pouco de fraqueza por não ter me alimentado direito, era madrugada e estava tudo fechado, não tinha onde comprar nada. Quando cheguei em São Lourenço estava abrindo uma padaria e foi minha sorte. Eu molhava o pão dentro do café e comia, era a única maneira de descer a comida, não dava para mastigar, a boca já estava machucada. Neste momento vi pessoas fazendo cara de nojo. Como corri sem apoio e com a mochila nas costas, tinha que levar o estritamente necessário para sobreviver, para não carregar peso demais e isso fez com que ficasse um pouco mais lento e deixasse de me alimentar e hidratar adequadamente.

A grande surpresa foi no último chekin no Pesqueiro 13 Lagos. Um casal de senhores veio ao meu encontro quando entrei e gritaram: “você é o Márcio Villar” e vieram com maquina para tirar fotos, peixe frito e refrigerante. Foi muito bacana e dali eram somente 24 km para completar a prova, só não sabia que ainda tinha uma subida de serra pela frente. Estava muito calor, com o sol cozinhando minha cabeça. Faltando 12 km, quando estava passando por uma fazenda, escuto alguém gritando: “quer água gelada?” Na mesma hora aceitei sendo que alem da água veio cafezinho e bolo de fubá, que foi meu combustível para o final.

Nos últimos 10 km de prova o carro da organização veio acompanhando e fotografando. Nos últimos 8 Km que eram de descida, fiz abaixo de 4 por 1 porque queria muito fechar com menos de 35 horas e consegui fechar em 34horas e 35minutos,  vencendo a corrida.

Com toda certeza posso falar: “foi criada a Ultramaratona mais difícil do Brasil” Muito obrigado a Ultra Runner por me proporcionar esses momentos fantásticos e inesquecíveis, em correr uma prova com a minha cara, com enorme grau de dificuldade. Obrigado ao meu patrocinador kailash pelo apoio com um material excelente, a todos atletas e a organização da prova, por terem me apoiado num momento difícil onde eu tinha que decidir se largava ou voltava para casa devido a piora na saúde da minha irmã. Obrigado de coração ao José Orivaldo pelo grande espírito de solidariedade e amizade que teve comigo.

Agora está lançado o desafio de tentar a Double da Ultramaratona dos Anjos (470 Km) na próxima edição. Vai ser muito difícil, muito mesmo, mais do que todas outras doubles, porém tenho certeza que com amor, dedicação, muito treino e apoio dos meus patrocinadores, conseguirei.

Veja abaixo algumas fotos.

CURSO DESAFIANDO LIMITES