(200km pelo INCA Voluntário – 18 e 19 de Julho/2009)
Primeiro tenho que contar como surgiu a idéia desse desafio, um grande amigo meu (Eduardo) se mudou para Búzios e vivia me perguntando quando eu iria correr em Búzios e eu respondia que correr lá não dava, o que eu poderia fazer seria correr até La e nessa brincadeira surgiu uma vaga na minha agenda e falei com ele que em julho iria correndo até Búzios, a principio ele não acreditou muito, mas pensei correr por correr não tem sentido tenho que ter um objetivo.
Sou voluntário do INCA a 2 anos sempre subindo nos pódios com a bandeira do INCA Voluntário, pois eles curaram minha mãe de um Câncer e essa foi a maneira que encontrei para retribuir o que fizeram por ela, pensei… está ai, vou correr divulgando o trabalho do INCA Voluntário na cura do Câncer. Como já era voluntário seria mais fácil acertar tudo, liguei para a Angélica que é funcionária do INCA Voluntário e quando fiz a proposta a ela, não sei se não acreditou ou achou loucura, mas aos poucos fui mostrando que não era nada demais e seria legal fazer esses 200 Km divulgando o trabalho fantástico deles. Logo consegui a carta de autorização para fazer o Desafio.
Agora vem o mais difícil, conseguir apoio para a causa. Lancei o desafio na internet, na mesma hora meu grande amigo e irmão Myller falou comigo “não me interessa o que é, estou com você até o fim, outro grande amigo Sergio Luiz me mandava vários e-mail dando varias idéias e uma delas foi a venda de quilômetros que levei ao INCA e eles aceitaram. Um grande amigo, que por enquanto é virtual, criou o site e colocou a venda de KM para o INCA Voluntário no ar, o nome dele é Marcelo Gaffa de São Lourenço – MG, lembrando que ele nunca me viu e fez todo o site sem cobrar nada.
Já tinha o desafio pronto, tinha para quem correr, tinha a arrecadação de verba para o INCA Voluntário, iria distribuir os prospectos do INCA pelo caminho, faltava montar a equipe de apoio e conseguir a verba para pagar as despesas que iríamos ter no percurso. A equipe já tinha o Myller e logo o Alexandre outro grande amigo que é enfermeiro se ofereceu junto com o carro de apoio. Recebi um e-mail do Luke querendo vir dos EUA para fazer o desafio ao meu lado, para quem não sabe, foi ele quem salvou minha vida na prova da neve em fevereiro. Outro grande amigo, o Frotta, se ofereceu e com isso fechei a equipe de apoio.
Agora vem a pior parte, conseguir patrocínio para o Evento. Falei com o secretário de esportes de Búzios que abraçou a causa na hora junto com o Curso de Inglês IBEU. Tentei o secretario de esportes do Rio de Janeiro que falou que não tinha verba e ainda queria me impedir de fazer o evento falando que não legalizei. Entrei em contato com o Deputado Indio da Costa que na mesma hora conseguiu junto a Spiridon (que organiza a Maratona do rio de Janeiro) água, gel e barra de cereais. A Winsite Computer deu uma câmera digital para fotografarmos todo evento. Consegui junto a Gatorade o produto para todo o desafio. O Restaurante Chez Michou ofereceu almoço na nossa chegada. Aos poucos fomos conseguindo tudo, os amigos foram ajudando, o Paschoal pagou a faixa para colocar no carro e o Peter pagou o combustível.
Na semana do desafio tivemos uma baixa na equipe de apoio, o Frotta não pode ir entrando o Jorge em seu lugar junto com o Troy (pai do Luke). Tive uma reunião com o pessoal do Grupo CCR que nos disponibilizou para o dia da prova uma ambulância para nos acompanhar, o mesmo acontecendo com a Auto Pista Fluminense, sendo que já tinha recebido o apoio da Policia Rodoviária Federal.
DIA DA PROVA
Até a hora da largada tinha sido vendido 730 Km para o INCA Voluntário. O Alexandre passou na minha casa e me pegou junto com o Luke e o Troy. Seguimos para a porta do INCA onde seria a largada, montamos tudo no carro e tinham vários amigos nos esperando. A Angélica do INCA Voluntário falou sobre o trabalho deles e esperamos os batedores da Policia Rodoviária chegar para a largada. Encontrei meu grande amigo Sérgio Cordeiro (campeão mundial de DECA IRONMAN) na largada que foi para me dar uma força e pedi para ele fazer somente aquele pedacinho de 4 Km até a ponte ao meu lado.
As 8h40 foi dada a largada! Foram uns 20 atletas até a ponte junto com os batedores da policia. Na ponte tivemos que entrar no carro para descer e continuar do outro lado, nessa hora eu puxei o Sergio Cordeiro e falei “vem comigo” e ele falou que não tinha roupa, peguei minha bermuda reserva e entreguei a ele e não é que o cara veio mesmo (exemplo de atleta e amigo). Do outro lado da ponte éramos 8 e para continuar, chegaram o Luis Tadeu que fez até Búzios de Bike. Como foi importante a participação dele na equipe, que pessoa fantástica, eu o conheci a 2 anos pela internet e tive o grande prazer de conhecê-lo pessoalmente. Também chegaram o José Augusto e o Conralo.
Sol quente na cabeça e nos encontramos com a ambulância da Auto Pista Fluminense que veio nos dando apoio junto com as 4 motos da policia e nossa equipe de apoio fantástica formada pelo Myller, Alexandre e o Troy.
Depois de alguns quilômetros o Jose Augusto e o Conrado pararam e agora era somente eu, Sergio Cordeiro, Luke e o Jorge correndo e o Luis Tadeu na bike dele. Calor de 32º na cabeça, subidas e descidas, passávamos por postos com movimento, parávamos para distribuir os folhetos do INCA Voluntário e voltávamos a correr. O Alexandre no volante, Myller correndo de um lado para o outro dando piques de 100 Mt e o tempo todo cuidando da gente. O Troy com seu português americano ajudando feliz da vida, os 3 iam revezando no volante, como pacer e como suporte na alimentação e hidratação. Era impressionante o tratamento que recebíamos do pessoal da Auto Pista Fluminense com a ambulância dirigida pelo Otacílio e dos batedores da Policia Rodoviária Federal, dava para ver a alegria no rosto deles em estar nos ajudando no desafio.
Entrada na Via Lagos já tinham 2 carros e duas ambulâncias da CCR nos esperando. Atendimento VIP! O pessoal todo vibrando em nos apoiar e o tempo todo perguntando se precisávamos de algo. O Davi toda hora vinha no carro para acompanhar e ver se estava tudo bem, ai veio a grande surpresa quando vi na frente o painel da CCR me desejando boas vindas. Não acreditei e fui as lagrimas de emoção.
No fim da tarde tivemos uma baixa na equipe, o Jorge sentiu-se mal é foi atendido pela médica e ficou a noite toda no soro para se recuperar.
Umas 3 horas depois veio a segunda baixa o Luke estava sentindo dores nas pernas e foi também para a ambulância.
Para correr a noite sobraram eu, o Sergio Cordeiro e o Luis Tadeu na Bike, justo na hora que caiu a chuva para valer e onde tinha mais subidas. Aí veio a parte legal, nós três fomos correndo e cantando para espantar o frio e o sono, o Luis Tadeu já tocou em uma banda e só cantava umas do fundo do baú. Paramos no Posto Graal para distribuir folhetos e para nossa surpresa o pessoal da CCR tinha arrumado um jantar de graça para nós. Jantamos e fomos ver como estava o Jorge e o Luke. Graças à Deus estavam bem melhor, mas falamos para ficarem até amanhecer na ambulância pra se recuperar e voltar a correr.
Umas 2 da manhã fizemos uma parada de 2 horas no posto de apoio da CCR para descansar um pouco. Dirigir em uma velocidade reduzida dá muito sono e todos na equipe precisavam dar uma recuperada. Lá pelas 4 da manhã voltamos a correr e quando terminou a via Lagos já estava claro e o Jorge e o Luke voltaram a correr com a gente. O grande problema foi que correr no sol o dia todo e a noite com chuva, o que fez com que eu e o Sergio ficássemos todos assados. Eu já estava com tudo em carne viva, tive que tirar bermuda e cueca e colocar um short solto para melhorar, o que não adiantou muito. O Myller arrumou uma sunga bem justa para proteger e o troy comprou uma para o Sergio e ai sim voltamos a correr bem. O Myller e o Alexandre vibraram muito, nessa altura meu amigo que mora em Búzios (Eduardo) já estava nos acompanhando de carro. Já estávamos na Praia Rasa e quando chegamos no Pórtico foi uma sensação boa de dever quase cumprido, agora nada nos impediria de chegar. Meu amigo soltava fogos, se juntou a gente um carro de som anunciando nossa chegada. Quando entramos na cidade os batedores da policia ligaram a sirene e a cidade parou para nos ver passar, as crianças nos seguiam de bicicleta, quando entramos na praça e quando cruzamos a linha de chegada foi uma festa.
Com muita champagne e lagrimas, fui recebido pela Dra. Emilia supervisora do INCA Voluntário e pelo secretário de Esportes de Búzios o Rafael.